A PRODUÇÃO DA BIOENERGIA NO NORTE DE MINAS: AGRICULTURA FAMILIAR E A INDÚSTRIA DE MONTES CLAROS-MG

a produção dA BIOENERGIA NO NORTE DE MINAS: AGRICULTURA FAMILIAR E A INDÚSTRIA DE MONTES CLAROS-MG


A energia é a base do sistema capitalista de produção e do estilo de vida escolhido pela sociedade. O uso de energia propiciou uma infinidade de ações sociais que são atualmente inevitáveis a qualquer continuidade econômica. Porém, o consumo de energias não renováveis imprime a relevância da busca de fontes de energias alternativas, para a diversificação da matriz energética de um país. Desta maneira, a agroenergia é um dos caminhos na busca de soluções energéticas, mas o interesse por esta fonte de energia não é recente, ele se desencadeia num longo processo de exploração da natureza. Pacheco (2006) nos diz que “as energias renováveis são provenientes de ciclos naturais de conservação da radiação solar, fontes primárias de quase toda energia disponível na terra” (PACHECO, 2006, p.4). O biodiesel é um combustível feito a partir de fontes renováveis que podem ser vegetais – oleaginosas (mamona, dendê, girassol entre outra), e/ou feito a partir de óleos animais ou residuais, para uso em motores a combustão interna, que possam substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil.
No Norte de Minas, a produção de agrodiesel segue uma tendência específica, a monocultura da mamona, possui característica especial para o clima semiárido, sua grande adaptabilidade e resistência às intempéries que o clima semiárido possui tem sido alvo de grande debate e aceite por parte dos agricultores familiares. Sabe-se que o cultivo da mamona no semiárido nordestino não é recente, este é um fato ao qual proporcionou grande aceite por parte dos agricultores familiares.

Porém, o agricultor familiar não deve ficar restrito ao cultivo de oleaginosas, pois, possui papel fundamental na segurança alimentar da maior parte da população brasileira, desta forma, Mota (2005), nos diz que o agricultor familiar corresponde às “formas de organização da produção em que a família é, ao mesmo tempo, proprietária dos meios de produção e executora das atividades produtivas” (MOTA, 2005, p. 25-26). Moura (2011) sintetiza que “uma das características fundamentais da agricultura familiar é a diversidade produtiva, pois se visa, em primeiro lugar, a segurança alimentar das famílias, ou seja, cultivam alimentos e criam animais necessários a sua manutenção, o que eventualmente excede é comercializado” (MOURA, 2011, p.52).

Desta forma, o cultivo de oleaginosas para produção do biodiesel deve ser feito pelo sistema consorciado, ou seja, cultivam-se culturas alimentares juntamente com as oleaginosas destinadas à produção do biodiesel. Assim, para fortalecer a cadeia produtiva desenvolvida no Norte do estado, a Petrobrás instalou na cidade de Montes Claros a Usina Darcy Ribeiro, para produção de biodiesel. Localizada no Norte do município de Montes Claros em Minas Gerais, foi condicionada segundo Costa (2012), pela logística que o município oferece, apontado por várias pesquisas como a cidade polo do Norte de Minas, absorve a maior parte dos investimentos públicos e privados, pois, disponibiliza comércio e serviços (hospitais, instituições de ensino superior, clínicas das mais diversas especialidades, entre outros) que atraem todos os dias grandes contingentes populacionais para a região. Inaugurada em 2009, estimada em cerca de R$ 100 milhões de reais, faz parte do programa de expansão da produção de bioenergia.

A produção de oleaginosas no campo gerou consequências irreversíveis na vida dos agricultores familiares Norte mineiros através de novas relações de produção. A cadeia produtiva delineada para esta região teve como fundamento a construção da Usina Darcy Ribeiro na cidade de Montes Claros, por esta apresentar centralidade econômica em relação às outras cidades situadas nesta mesorregião. Busca-se, em primeiro lugar, fortalecer a cadeia produtiva com a geração de emprego e renda; a diversificação da matriz energética e a obtenção pelas empresas gestoras do projeto o Selo Combustível Social. 
Autora: COSTA, Silviane Gasparino, 2012.
Parte deste resumo foi publicado no “II Colóquio Cidade Região: Urbanidades e Ruralidades contemporâneas”.

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